Se a cada edição o Imaterial nos vai revelando, dando mostras da sua vontade própria e do seu natural crescimento, a sua identidade de uma forma mais definida, também se vai assemelhando cada vez mais com o Imaterial que sonhámos num primeiro momento. O Imaterial nasceu em Évora, à sombra do estatuto de Património Imaterial da Humanidade atribuído pela UNESCO ao cante alentejano, mas também de olhos na classificação do centro histórico de Évora como Património Mundial da Humanidade. E, desde logo, o desejo foi o de criar ligações entre estas duas dimensões patrimoniais, colocar a música a dialogar com a paisagem (mais ou menos edificada), deixando que as histórias cantadas hoje possam comunicar com as histórias que atravessam séculos e estão impregnadas nas paredes da cidade e nos lugares que a circundam.

O cante alentejano é também, e como bem sabemos, um canto ligado ao trabalho no campo, um canto que verseja com frequência sobre o maravilhamento e a ligação à Natureza, um canto que ajudava a espantar as dores no corpo e a vencer as jornadas de trabalho. É ainda símbolo de uma música que, como testemunhamos em tantas tradições que se apresentam no Imaterial, está impressa no quotidiano, faz parte dos dias não apenas como expressão artística – é mais do que isso, confunde-se com a vida, fala em nome de povos e de regiões, de práticas sociais e costumes locais.

A busca pela ligação com a paisagem, como tinha sido imaginada desde o início, leva a que o Imaterial continue a fazer do magnífico Teatro Garcia de Resende a sua sala de honra, enquanto propõe escutar alguns dos seus protagonistas em espaços como o Cromeleque dos Almendres ou a Herdade do Freixo do Meio.

E em tempos como aqueles que vivemos, em que as tentativas de promover a desconfiança do desconhecido se multiplicam, o Imaterial inaugura sessões para escolas com alguns dos músicos de diferentes culturas e geografias que visitam Évora por estes dias. Para que, desde cedo, aprendamos a escutar quem tem uma voz diferente da nossa. Quem só a si escuta está a perder o mundo.


FICHA TÉCNICA

IDEIA E CONCEPÇÃO

Carlos Seixas e Luís Garcia

ORGANIZAÇÃO

Câmara Municipal de Évora e Fundação INATEL

DIREÇÃO ARTÍSTICA

Carlos Seixas

PRODUÇÃO EXECUTIVA

Câmara Municipal de Évora / GINDUNGO

DIRECÇÃO DE PRODUÇÃO

Câmara Municipal de Évora / GINDUNGO / Fundação INATEL

Carla Raposeira
Francisca Lima
Marta Dobosz
Susana Picanço

DIREÇÃO TÉCNICA

António Rebocho
João Paulo Nogueira
Leston Design - Pedro Leston, Paulo Correia e Francisco Leston
Manuel Chambel
Pedro Bilou

CURADORIA CICLO DE CINEMA

Lucy Durán

COMUNICAÇÃO

Divisão de Comunicação CME
Creative Industries Programmes by SC - Sara Cavaco / Sara Espírito Santo (Sara Does PR)

TEXTOS

Gonçalo Frota

APRESENTAÇÃO / LOCUÇÃO

Raquel Bulha

TRADUÇÕES

Paula Seixas

CONCEPÇÃO GRÁFICA

vivóeusébio

VÍDEO

GMT Produções

FOTOGRAFIA

Joana César

PRÉMIO IMATERIAL - ESCULTURA

Pedro Fazenda

MANUFACTURA DO CONTENTOR DA ESCULTURA

Helder Cavaca

PRODUÇÃO

Adelino Rodrigues
Aminata Barry
Ana Dias
Ana Duarte
Ana Malato
José Bugalho
Maria Beatriz Silva
Margarida Mouro
Maria de Jesus Tenda
Patrícia Hortinhas
Patrícia Ramos
Paula Rodrigues
Paula Santos
Sónia Melro
Telma Oliveira

ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Carlos Mavioso
Miguel Madeira

Paulo Carocho
Tomé Baixinho

EQUIPAMENTOS E ESTRUTURAS

Carlos Remígio
Nuno Urbano
João Matos
Renato Rainha
Rui Martins
Helder Moreira